No cardápio: afeto, lembranças, carinho, amizade e saudades

por Claudio Moreira dos Santos

Conheci Brasília nos meus dez anos de idade. A Capital efervecia: política, contracultura, militarismo, liberdade sexual e psicodelismo eram temas frequentes nas rodas de adultos. O espaço ainda democrático naquele tempo para tais conversas, era a mesa do bar. No meu caso – e dos meus familiares que aqui residiam e vínhamos visitar – não se tratava de um bar qualquer. O eleito se chamava Beirute. Cerveja, comida boa e descontração, eram, para a gente grande, o “barato” do local. Já para mim, o assunto era outro: balanço e escorregador, lindos, pintadinhos de azul e amarelo, ali, na porta, debaixo das árvores, a poucos passos do Guaraná Caçula, da Crush ou das comidas do “povo que mora do lado de lá do mundo!”.

O bom daquele tempo foi o que me moveu a vir morar em Brasília. Desde que isso se concretizou, passei eu a ser um frequentador do bar, que para mim, tem diferentes sabores além dos do cardápio: afeto, lembranças, carinho, amizade e saudades, dos brinquedos que ali já não existem mais.

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